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Os grandes desafios da maternidade
Muitos são os desafios que mães (e pais) enfrentam nos dias de hoje. Descubra quais e o porquê de ser urgente uma mudança de paradigma.

A maternidade é marcada por uma multiplicidade de desafios que vão além dos cuidados físicos com os filhos. A carga mental, o equilíbrio entre os papéis de mãe e pai, o balanço entre a maternidade e o trabalho, e a culpa materna surgem enquanto questões centrais na forma como é vivida a maternidade nos dias de hoje.
A carga mental das mães: um peso invisível
Quando falamos em carga mental, referimo-nos ao esforço cognitivo constante que é necessário para gerir as tarefas diárias, planear atividades e antecipar necessidades familiares. Em Portugal, os estudos revelam que as mães assumem a maior parte desta preocupação. 71% das mães é responsável pelas tarefas domésticas que exigem esforço mental, como organização e planeamento, enquanto os pais assumem apenas 45%.
Este desequilíbrio gera sobrecarga nas mulheres, afetando a sua saúde mental e emocional. Acaba por ser uma pressão para conciliar múltiplos papéis, que pode levar a stress, ansiedade e esgotamento, impactando negativamente o seu bem-estar.
Equilíbrio entre os papéis de mãe e pai: os desafios e as desigualdades
Apesar dos avanços na igualdade de género, a divisão das responsabilidades parentais continua visível. Prova disso é que as mulheres enfrentam mais dificuldades em conciliar o trabalho e a família, o que limita a sua progressão de carreira.
Além disso, a sociedade ainda vê muitas vezes o contributo do pai como uma ajuda, em vez de reconhecer a paternidade como uma responsabilidade partilhada. Esta perspetiva contribui para a perpetuação de estereótipos de género e dificulta a construção de uma parentalidade mais equilibrada.
Balanço entre maternidade e trabalho: impactos na carreira e bem-estar
Em Portugal, o impacto da maternidade na vida profissional das mulheres é significativo. Um estudo conduzido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto revelou que as mulheres perdem cerca de 29% dos seus rendimentos após tornarem-se mães, enquanto os homens tendem a aumentar os seus rendimentos neste mesmo período.
Além da perda financeira, as mães enfrentam desafios em tentar conciliar as exigências do trabalho e as responsabilidades familiares. A falta de políticas de apoio à parentalidade e a pressão para manter um desempenho profissional elevado acabam mesmo por contribuir para o stress e a insatisfação no ambiente de trabalho.
Culpa materna: expetativa vs. realidade
A culpa materna é um verdadeiro (e complexo) fenómeno resultante das expetativas sociais que são criadas em torno da maternidade. A sociedade tende a idealizar a figura da mãe perfeita, que deve ser dedicada, presente e capaz de equilibrar todas as suas funções, de forma exímia. Esta pressão leva muitas mães a sentirem-se culpadas por não corresponderem aos padrões pré-definidos, mesmo quando estão a fazer o seu melhor.
O sentimento de culpa relacionado com a sensação de estarem a falhar no seu papel, acaba muitas vezes exacerbado pela falta de apoio e sobrecarga das responsabilidades, afetando a saúde mental das mulheres e a qualidade da sua relação com os filhos.
Caminhos para uma maternidade mais equilibrada
Para promover uma maternidade mais equilibrada, é essencial adotar políticas públicas e práticas sociais que apoiem as mães e promovam a igualdade de género. Tal inclui a implementação de licenças parentais mais equitativas, o incentivo à partilha das responsabilidades domésticas e parentais entre os progenitores e a criação de ambientes de trabalho mais flexíveis e inclusivos.
Além disso, é fundamental desconstruir os estereótipos de género que associam exclusivamente a mulher à responsabilidade pelos cuidados dos filhos. A promoção de uma parentalidade compartilhada, em que ambos os pais desempenham papéis ativos e responsáveis, contribui para o bem-estar da família e para a redução da carga mental das mães.
Nos dias de hoje, a maternidade não deve ser tratada apenas enquanto uma nova fase na vida da mulher, mas sim como uma escolha com implicações económicas, sociais e culturais e com impacto direto na organização da sociedade.