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Joana Góis: "Moda e estilo somos nós que usamos e que fazemos"
É natural de uma aldeia de Soure, em Coimbra, mas transporta os seus mais de 90 mil seguidores em viagens um pouco por todo o mundo. Formada em Comunicação Social, Joana Góis, acabou por abrir asas e voar para além fronteiras. Atualmente, é hospedeira de bordo e vive no Dubai, e partilha diariamente, na sua conta do Instagram, muito do seu dia-a-dia, o seu gosto pela moda e até algumas dicas (que vão da moda, a viagens, e muito mais).
Em entrevista à Betrend, a jovem fala-nos do seu percurso até aqui.
Joana Gois: "Considero-me uma privilegiada por ter este trabalho e conseguir realmente explorar o mundo inteiro"
1. Fala-nos do teu percurso. Qual é a tua área de formação e como te tornaste comissária de bordo?
Eu sou licenciada em Comunicação Social, tirei o meu curso na ESEC – Escola Superior de Educação de Coimbra – e, depois de passar cerca de um mês à procura de trabalho em Lisboa, na minha área, não encontrava nada que realmente fosse uma boa proposta, porque eu ia ter que mudar de Coimbra para Lisboa. Então, eu sempre trabalhei como barmate desde os meus dezasseis anos para pagar a minha universidade para ter o meu dinheirinho para a semana e tal, então comecei a trabalhar na Primark, ao fim de talvez seis meses terminar meu curso e continuava a trabalhar à noite. Então, trabalhava na Primark e à noite e ao fim de dois anos, dois anos e meio, em 2015 (em agosto setembro) resolvi ir ao Open Day da companhia, que era o recrutamento na altura. O Open Day processava-se de uma forma em que toda a gente que queria ser cabin crew da companhia se deslocava a um hotel e depois passava por todo o processo de recrutamento, desde levar o currículo até fazer a entrevista do grupo com interação, depois fazia entrevista pessoal - para tirar as medidas -, depois fazia um teste de inglês e tudo assim, até fazer realmente a entrevista final, caso passasse todas as fases.
Eu (mesmo não falando inglês fluente, desenrascava-me, entendia o básico obviamente, entendia que o que as pessoas queriam dizer, mas não falava todas as palavras), consegui passar à primeira.
Então, basicamente, eu cheguei a hospedeira de bordo, não foi realmente porque era uma coisa que eu queria desde sempre. Foram as circunstâncias da vida que me levaram até lá. E considero que realmente não teria havido um futuro melhor para mim do que este nesse momento.
2. Mudaste-te para o Dubai imediatamente após o recrutamento? Como foi essa mudança?
Mais ou menos. O processo todo levou cerca de dois meses na altura. Eles queriam que eu entrasse num bocadinho mais cedo, mas como estava ainda a trabalhar a Primark e eu queria dar o meu tempo de trabalho à casa para poder sair com tudo limpinho, eu pedi para adiar um pouquinho, então entrei passado dois meses.
A mudança foi muito complicada, mas não foi porque Dubai é um sítio assim tão diferente da nossa cultura (que é), mas é muito, é muito moderno e é muito adaptado às realidades de hoje em dia. O Dubai, dos Emirados é o emirado mais liberal, e certamente o que tem mais turismo e o que é mais conhecido. Então não foi por aí que foi difícil, mas mais pelas saudades e porque eu nunca tinha saído do país. O meu primeiro voo foi para Madrid e foi porque me sugeriram que eu fosse, porque eu tenho super medo de alturas, então disseram então já passaste, já vais ser hospedeira de bordo, se calhar seria interessante saberes como é se fores fazer um voo, porque tens muito medo de alturas. Então, foi toda a mudança. Foi mais por estar longe de família e amigos e começar do zero, completamente sozinha, porque eu não tinha absolutamente ninguém, como vim um bocadinho mais tarde também, não havia ninguém português quando eu entrei.
Obviamente as pessoas que entraram comigo no mesmo Open Day, já estavam no Dubai, mas eu era sozinha. Cento e vinte pessoas que entraram na mesma semana que eu e ninguém falava português.
3. E como é viver no Dubai? Quais são as principais diferenças entre viver no Dubai e viver em Portugal?
Como já respondi em cima, viver no Dubai é super normal. É um país que, obviamente, independentemente da religião que se pratica – que é o islamismo – não se faz sentir tanta diferença de um país europeu, porque é muito virado para o turismo. É um país que é muito acolhedor. Obviamente não tem os anos todos de história que nós temos, mas tem uma história fantástica, porque o Dubai foi construído do nada em 50 anos, então, quem não tem essa história, realmente deveria fazer uma pesquisa, porque é uma história muito, muito, muito interessante.
E depois, como o meu trabalho é ser hospedeira de bordo, realmente a minha casa é no Dubai, mas eu não vivo no Dubai. Eu passo os meus dias de folga no Dubai, mas não vivo no Dubai todo ano a toda hora, então eu não saberia responder como é viver no Dubai o ano inteiro, porque realmente eu passo metade do tempo fora, a explorar o mundo. E metade do tempo no Dubai, mas quando estou no Dubai estou mais a descansar do que realmente explorar e a ver todas as panóplias de vida no Dubai.
4. Começaste por ter inicialmente um blog. Como (e porque) surgiu essa ideia de partilhar as tuas aventuras num blog?
Em relação ao meu blog, eu sempre gostei de escrever e eu sempre tive blogs, desde que me conheço. Ainda não havia YouTube’s, não era assim nada conhecido e eu já escrevia no meu blog. Devia ter entrado para o YouTube (risos), devia ter feito isso, mas eu gostava mesmo era de escrever, então sempre escrevi, sobre a minha vida, sobre os meus desamores na adolescência, sobre tudo isso.
E então, quando surgiu a ideia ou quando surgiu a oportunidade de ir para o Dubai, eu não tinha passaporte, nunca tinha viajado realmente antes de ter sido aceite para ser hospedeira de bordo, resolvi começar então o meu blog, a explicar todas as peripécias, o que me ia acontecendo, como é que foi para fazer o passaporte, quando eles me enviaram um livrinho para nos familiarizarmos com todo o trabalho, com o serviço, com o país, então basicamente eu só queria que ficasse realmente registada essa grande mudança na minha vida e resolvi escrever.
Obviamente, eu agora no meu Instagram eu falo mais em inglês, dado que o público é maioritariamente inglês ou pessoas que realmente querem ser hospedeiras de bordo internacionais e que têm de falar inglês, mas no meu blog era exclusivamente em português, e esse blog de realmente valeu muito. Fui muito, muito feliz com o meu blog.
E eu só deixei de escrever em português quando vim para o Dubai e comecei a morar com uma brasileira, que era a Marina, que ficou a minha melhor amiga de sempre desta aventura. E isto porque quando eu morava com pessoas que falavam só em inglês em casa (morava com uma irlandesa e com uma inglesa quando eu entrei) eu não conseguia falar português. E como, já expliquei, não tinha ninguém do meu grupo que falasse português, então continuei o meu blog em português para me sentir em casa. Mas então, quando a Marina veio morar comigo, eu decidi que deveria fazer, continuar a explorar e a mostrar, mas no Instagram.
5. Seguem-se obviamente as redes sociais. Atualmente tens mais de 80 mil seguidores no Instagram. Esta evolução acontece como e porquê? Como inicias esse percurso?
Bom, aqui realmente acabei de responder à pergunta em cima, o que é ótimo, porque eu falo muito, então fica tudo esclarecido. (risos).
Realmente foi quando a minha flatmate começou a falar português comigo, eu comecei a sair com os amigos dela também, brasileiros, que foram os meus grandes amigos no meu percurso inicial. Eram muito mais brasileiros do que portugueses, então eu resolvi realmente cortar o blog. Ainda falei, acho, sobre uma ou duas estadias.
Na verdade, tenho pena de o ter feito, porque acho que realmente agora poderia escrever um livro com os meus posts ou assim, porque eu gostava muito de escrever. E agora estou tão virada para Instagram, estou tão mais focada no Instagram, que o meu gosto mudou um bocadinho e eu gostava de não ter deixado de escrever.
6. De que forma achas que impactas a vida de quem te segue?
Eu espero que de forma positiva. Mas a razão que me dá tanto gosto de fazer o meu Instagram e continuar este projeto é mais para mostrar, a quem não pode sair ou a quem quer muito sair aquilo que eles não conseguem ver, pelos meus olhos. Eu sou de uma aldeia pequenina, em Portugal, e minha família sempre passou dificuldades e então eu não sou melhor do que ninguém. Não é que foi assim tão fácil chegar e tal, onde estou agora, mas realmente foi muito gratificante e sou muito orgulhosa de mim mesma, da minha família, da minha mãe, que sempre me impulsionou a querer fazer mais e que sempre me apoiou, que sempre tirou dela para me dar a mim, para que eu pudesse ter tudo.
E a minha ideia é mais mostrar as pessoas que realmente quando se quer muito, ou quando achamos que a vida não nos vai sorrir, ou que não vai dar oportunidades iguais a outras pessoas, acontecem coisas inesperadas, que nós nunca pensamos e realmente nós merecemos e é para agarrar essas oportunidades e para ficar muito, muito, muito feliz com elas. Então eu gosto de mostrar isso.
Eu acho que também depois do COVID, eu tenho-me virado também um bocadinho para a saúde mental. Não que eu saiba alguma coisa sobre isso. Não é de todo a minha intenção tirar o espaço a psicólogos, a pessoas que realmente entendem sobre a mente. Mas como eu escrevia o meu blog e como eu acho que eu tenho o dom de realmente conseguir expressar-me, eu gosto muito de fazer o papel de amiga, conselheira. E então agora tenho usado o meu Instagram e também para isso, para realmente dar palavras de motivação e força às pessoas que me seguem.
7. Como é que se inova numa altura em que o mundo digital ganha cada vez mais terreno, com mais influencers e parece que já foi tudo feito?
Esta pergunta realmente é muito interessante para mim, porque eu realmente faço o meu Instagram como part-time, é o meu hobbie. E muitas vezes me perguntam “ah, mas tu stressas com isto, com aquilo?”.
Eu não sou uma influencer full-time. Tenho várias amigas e conheço várias pessoas que são, e cheers to that, muito orgulhosa delas. O meu trabalho principal é realmente ser hospedeira de bordo e depois eu uso o meu tempo livre, e obviamente concilio o meu trabalho, para fazer o meu Instagram.
Então eu não considero que eu pense muito naquilo que eu partilho na realidade. E na verdade, o meu trabalho no meu Instagram é mais natural. Eu não penso demasiado naquilo que quero fazer. Se eu for a um restaurante, se tiver que fazer um trabalho com uma marca, ou assim, eu chego e eu penso que um bocadinho e já penso “ah, é isto que vou fazer”. E eu não perco muito tempo a pesquisar, eu quero que tudo seja natural e feito de maneira leve. Então, basicamente, esse é o meu papel aqui no Instagram.
8. É frequente fazeres vários stories a responder a questões. Dúvidas sobre o processo de recrutamento para a tua área profissional são recorrentes. O que mais te perguntam?
Sim, o processo de recrutamento é, sem dúvida, a coisa que mais me perguntam e eu quero deixar aqui a mensagem também. Eu digo sempre isto no meu Instagram, mas eu quero deixar aqui escrito nesta publicação que, para qualquer trabalho, antes de irem perguntar alguma coisa a alguém, façam a vossa pesquisa. Especialmente agora quem está a começar a entrar no trabalho.
Eu acho que quanto mais adulto, mas nós temos mais essas tools de pesquisa e de trabalho e essa vontade. Mas eu acho que o que falta aos mais jovens, hoje em dia, é tentarem fazer as coisas para eles próprios, porque tudo está acessível. Tudo está a um clique, tudo está num motor de busca. Então que seja assim também para quando quiserem entrar um trabalho ou seguir uma carreira. Pesquisem. Porque eu recebo perguntas e, obviamente, não me importo responder. Eu sinto-me muito grata que as pessoas confiem em mim e que vêm perguntar qualquer tipo de coisa, mas eu recebo perguntas que se a pessoa abrir o site da da minha companhia aérea está lá tudo. Qual é a altura? Qual é a idade? Está lá. É a pesquisa mais básica que podem fazer.
Mas, entretanto, enfim, já dispersei aqui um bocadinho (risos). Também acho que já toquei neste ponto antes, perguntam-me muito, muito sobre problemas da vida, de amores, financeiros, falta de auto-estima. E é realmente nisso que me tenho focado. Eu penso que no último ano, um ano e meio, porque eu também passei por uma fase de desapontamento. Nunca estamos livres. Não importa a idade que temos. Nunca estamos livres para termos o nosso coração partido, seja por amigos, por namorados, por família. Então, eu usei essa dor que eu sentia para tentar ajudar e eu não considero que isso seja uma fraqueza, não considero, que por ser uma pessoa que tem alguns seguidores nas redes sociais, que não deva mostrar esse lado, muito pelo contrário. Eu sinto que as pessoas realmente me seguem não só pelas viagens, mas porque vêem em mim uma pessoa normal, que também tem seus dias maus, que também sofre e que realmente usa esse sentimento menos bom como uma forma de fuel na vida e tornar as coisas mais positivas.
9. Em termos profissionais, enquanto comissária de bordo, como concilias as tuas funções com esta vertente mais digital? A tua carreira como comissária de bordo impulsionou o teu trabalho como criadora de conteúdos? Se sim, de que forma?
Muito, muito, muito. A minha carreira aqui realmente é o que fez com que o meu Instagram tenha tantos seguidores e, dia a dia, cada vez mais.
Eu considero-me uma privilegiada por ter este trabalho e conseguir realmente explorar o mundo inteiro. Porque a minha companhia voa para 128 destinos por agora. Então para mim é um realmente um fator muito importante. Eu não sei se eu não estivesse aqui, se eu continuaria a fazer esse tipo de trabalho ou a ter tantas pessoas que me seguem do outro lado.
Depois, agora, durante o COVID, era muito chato porque nós não podíamos sair dos hotéis. Tínhamos que ficar de quarentena. Muitos PCR’s, muitos testes antigénio para sairmos do Dubai. Mas agora, finalmente as coisas estão a começar a abrir. Os países para turismo. E eu estou neste momento em Veneza e é realmente maravilhoso. Estou aqui nesta estadia de 48 horas e vou poder sair. Ontem saí com a minha tripulação, passamos o dia inteiro a explorar a cidade. Hoje vamos apanhar um barquinho e vamos para outra cidade, para outra ilha, aqui em Itália. Então essas são as coisas que me dão vontade de mostrar mais, de explicar às pessoas e dar aquelas dicas, venham a este restaurante ou vão aquele sítio.
Realmente acho que sim, influencia muito e impulsionou muito.
10. Voltando aos conteúdos da tua página, obviamente extrapola a tua vivência profissional. Há uma forte componente de moda e lifestyle. Partilhas os teus gostos pessoais de maquilhagem, looks e até locais que gostas de frequentar. Que conteúdos gostas mais de partilhar nas tuas redes sociais? E de que forma, a tua vida profissional influencia os teus conteúdos?
Bom, esta questão tem aqui alguns pontos importantes que gostaria de tocar. Primeiro, como eu trabalhava na Primark e eu adoro a marca e sempre que eu vou a algum sítio que tenha a loja, eu vou lá ver o que é que tem, como é que as coisas estão organizadas, nem é tanto para comprar tudo. Eu já não sou uma pessoa que compra tudo a toda hora, já não tem aquela curiosidade, que tenho que ter isto, tenho que ter aquilo. Mas eu gosto de ver como as coisas são. Eu entendo que cada vez mais o mercado ou as pessoas estão a apostar em coisas que realmente são de materiais mais resistentes, que usem mais, coisas mais clássicas, coisas mais versáteis.
Ainda assim, eu sou uma pessoa que, vindo do sítio que venho e nunca tendo tido muitas possibilidades, eu acredito que, mesmo com pouco dinheiro, a pessoa se pode vestir bem e parecer bem. Eu tenho sempre aquela frase: “fake it till you make it”. E isto não quer dizer que tenhamos que ter imitações de coisas de marca. Há muita gente que eu conheço, que tem coisas de marca e que não se veste bem ou que não se apresenta bem.
Aquilo que eu mais gosto de mostrar são realmente aqueles achados, aquelas coisas baratas que eu encontro, ou aqueles produtos de supermercado, maquilhagens. Coisas mesmo que não custam, como se costuma dizer, os olhos da cara, mas que as pessoas realmente podem usar e que se vão sentir bem.
Infelizmente, a sociedade hoje em dia olha para toda a gente, não só pela maneira como fala, mas pela maneira como se apresenta. E eu acho que a imagem vale muito em qualquer trabalho, em qualquer situação de vida. E aprendi isso com a minha mãe: nós não precisamos de ser ricos, não precisamos usar marcas. Obviamente, lá está – isto aqui é sempre um pau de dois bicos – porque há sempre aquelas pessoas que dizem: mas a sustentabilidade, mas a produção em massa. Eu compreendo. E eu gostava muito que toda a gente pudesse ter condição financeira de comprar só marcas, só coisas que realmente pudessem usar por dez anos. Mas se calhar essas pessoas iam ter de usar a mesma blusa e a mesma carteira e as mesmas calças por dez anos. Então, eu gosto muito, sou uma apaixonada por fast fashion, não nego. Não sei se vou continuar a ser assim na minha vida, mas neste momento tenho 30 anos, e considero que nem toda a gente, infelizmente, tem possibilidades financeiras de vestir coisas caras, como eu já falei.
Estou a insistir muito nisto porque não quero ser mal interpretada, mas realmente eu compreendo. Acho que é realmente uma coisa espetacular. Cuidar do meio ambiente, a produção em menor escala, ajudar o consumidor, sim. Mas há pessoas que nunca vão ter esse poder de compra, mesmo que tentem, Há pessoas que realmente não vão ter e não quer dizer que sejam menos por isso. Então, é isso que eu tenho que mostrar nas minhas redes sociais. E às vezes com pouco podemos aparentar mais, se é que me faço entender.
Bom, e depois de que forma a minha vida profissional influencia os meus conteúdos, enfim, em tudo. Porque lá está, em termos de lojas de maquilhagens e coisas assim eu só conheço os produtos e mesmo comida, porque viajo, porque se eu tivesse sempre no Dubai fechada, ou se estivesse sempre em Portugal, não conheceria ou não teria esta ideia mais abrangente sobre os produtos e sobre as roupas e sobre maquilhagens e tudo isso.
11. Se tivesses que eleger, qual a lição de estilo que se tornou incontornável para ti?
Sem dúvida, que dinheiro não compra estilo.
Eu gosto de insistir nisto outra vez. Dinheiro não compra estilo. É a nossa personalidade e a maneira como nós usamos as roupas, que fazem o estilo. Não acho, de novo, que seja preciso gastar muito dinheiro em coisas. Se gostamos de ter uma peça tendência, obviamente, apostar nessa peça. Mas eu não acho que seja necessário gastar todo nosso dinheiro. Há coisas bem mais importantes. Mas que sejamos felizes nas nossas escolhas e que nos sintamos bem, porque depois as pessoas dizem: “ah mas porque vamos estar a comprar, comprar, comprar?”. Eu não só não sou apologista de comprar 50 peças da mesma coisa ou de precisarmos de trocar nosso armário. Não, mas às vezes, com os anos, com estações.
Eu sou uma pessoa que - feliz ou infelizmente - eu dou muitas das minhas coisas, porque eu recebo também muitas coisas grátis e (graças a Deus) não preciso de comprar quase nada, mas também não estou receber coisas caríssimas. As coisas que eu recebo das marcas são coisas acessíveis à população em geral. Então, eu gosto de sublinhar essa ideia, que a moda e estilo somos nós que usamos e que fazemos, é a nossa confiança que veste e que mostra aos outros.
12. A longo prazo, pensas em continuar a tua carreira como comissária de bordo ou tens outros projetos em mente? Se sim, o que podemos esperar? Há novidades para breve?
Eu sou uma pessoa que tem sempre muitas ideias, para os outros. (risos)
Então quando toca a mim, eu sou um bocadinho mais parada. Que é que isso quer dizer? Que eu tenho muitas ideias para ajudar muita gente. Tive muitas ideias durante estes seis anos e meio que estou a trabalhar fora do meu país, mas nunca fiz nada. Isto também é um abre olhos para toda a gente.
Temos que começar um dia. Eu estou com algumas ideias, sim, para fazer uns projetos no próximo ano. Já tinha tido esta ideia há algum tempo. Obviamente, sim, ligada à moda e lifestyle. Mas neste momento da minha vida sou muito, muito feliz a fazer o que faço. Não tenho pressa de criar um novo projeto ou de sair de onde estou, de mudar a minha vida.
Estou muito realizada. Sinto-me muito realizada e todos os dias aquilo que me enche o coração é saber que, não só o meu crescimento pessoal, consigo realmente ajudar os outros e provocar uma sensação boa no coração de quem me ouve. Fico muito feliz quando mandam mensagens a dizer: “obrigada por esta esta frase. Obrigada por este pensamento. Ajudaste-me muito”. Então neste momento estou feliz onde estou.